Atualmente há um gênero que tem conquistado o mercado editorial e que eu também amo ler: o romance de época. É com muito gosto de recebo cada livro deste estilo e fico fascinada com o estilo da história, com os cenários, com as vestimentas, com aquela coisa toda de romance e tudo o mais e que geralmente se passa na Inglaterra, com todo o poder da aristocracia inglesa e tudo o mais.

Logicamente isto também faz suspirar as leitoras brasileiras e há muitas autoras que conseguem criar histórias mágicas e lindas: Julia Quinn, Mary Balogh, Eloisa James, Lisa Kleypas e por aí vai. Mas há uma questão bem realista escondida por trás disto tudo que é necessário encarar, mas logicamente sem criar nenhum tipo de mimimi constante, que vemos muito hoje em dia.

Apesar de parecer tudo muito lindo e de que todos os romances mesmo que no início seja de gato e rato e no final tudo acabar bem, existe coisas bem explícitas nos livros e histórias que mostra que a mulher daquela época e toda a sociedade tinham regras bem rígidas e que nem tudo era um total mar de rosas. Vou me basear somente na questão dos personagens e na classe social de livros de romances de época.


1 – Proibição de Estudos
A mulher daquela época não tinha permissão para estudar. Logicamente quem tinha instrução era o homem, que precisava ser dotado de diversas técnicas para levar os negócios adiante, e estou falando aqui de homens com maiores condições financeiras já que os menos abastados trabalhavam em fábricas e afins e não possuíam muita instrução. As mulheres tinham somente tutores para aprender a ler e escrever, porém não podiam ter nenhum tipo de profissão. Claro que algumas se arriscavam a se jogar na aventura de estudar mais, porém elas tinham ensinamentos domésticos como tricô, crochê, aprendizagem de moda e como se portar corretamente, pintura. 


2 – Mulheres feitas para procriar
Parece estranho a forma como coloquei o texto, mas as mulheres da época eram vistas como mulheres que tinham sempre que trazer ao mundo diversas crianças e quando havia um título em questão e somente nasciam mulheres, a obrigação era maior, já que para que o título continuasse na família, somente um filho homem poderia herdá-lo. Um exemplo seria que um Lorde que tivesse somente filhas mulheres, o título passaria para o próximo parente homem (irmão, sobrinho, primo), e as filhas poderiam receber algumas terras ou dinheiro, mas jamais título. Desta forma a responsabilidade de se ter um filho homem era enorme, além de que as mulheres que não podia ter filhos eram rejeitadas e muitas também morriam no parte por conta das más e poucas condições de saúde da época.



3 – Mulheres e Homens separados em jantares.
Quando havia algum tipo de reunião ou jantar as mulheres se sentavam à mesa de acordo com a decisão da anfitriã que selecionava os lugares. Na mesa os assuntos eram diversificados, mas logicamente que as mulheres eram polidas e não podiam falar mais alto do que os homens não podiam rir mais alto ou nem ao menos pensar em colocar em pauta algum assunto polêmico. Depois disto, homens e mulheres se dividiam e iam para salas separadas para conversarem, já que cada um tinha um assunto a colocar em pauta e não se aceitava opiniões sobre política e negócios das mulheres, que naquela época não podiam votar ou sequer se candidatar a algo.


4 – Crianças somente com babás
Hoje em dia quando alguém pensa que criar uma criança é algo difícil, imagina como era naquela época. Se ter filhos era uma tarefa difícil, a questão da criação não tinha problema algum. Depois que as crianças nasciam elas eram criadas por babás ou amas. Não tinha aquela coisa de ser ninada pela mãe ou pai, ser levada em lugares para passear. Claro que em algumas festas elas eram levadas, porém a maioria das vezes elas tinham seus quartos e salas de brincar e ficavam neste espaço. A educação era feita por tutores e os homens seguiam para universidades, carreira militar ou então alguns mais abastados podiam não seguir nada.




5 – Idade para Casar
As mulheres debutavam aos 17 anos de idade e ingressavam na sociedade com a apresentação para a realeza de Londres. A partir disto elas tinham um tempo de cerca de quatro anos para conseguir um bom casamento. Se dentro deste tempo isto não acontecesse já começava a se considerar que não eram aptas a casar e entravam em uma faixa de solteironas e então já não eram mais tão cobiçadas. Muitas viam este tempo com histeria total.



6 – Controle e Aceitação de Traição
Logicamente nesta época nem todas as mulheres casavam por amor. Muitos eram casamentos condenados por uma questão dos pais terem negociado a junção para o melhor para a família e para a fortuna. Desta forma a mulher precisava aguentar de qualquer jeito a questão de ser mãe, mas o homem não precisava de forma alguma ser fiel. Nesta época era comum a questão de se ter amantes e muitas mulheres sabiam deste fato. Logicamente algumas delas agradeciam também por isto já que só precisavam manter as aparências. 
A polidez e o senso era outro fator que fora sempre rigoroso. Nenhuma mulher poderia rir alto, falar alto, correr em público, comentar sobre política, se vestir de forma polêmica, brincar com visitas ou conhecidos nas ruas. Tudo era visto com repugnância.



Lógico que lendo as particularidades acima parece que era cruel viver naquela época. De fato também temos algumas exigências para o mundo de hoje, mas também temos milhares de liberdades. O mundo nos livros é mais bonito e prático e devemos agradecer por todas as conquistas femininas, pelas lutas das mulheres para conquistar tudo o que temos hoje.

Amo e continuo lendo os romances de época, mas de forma alguma vou deixar de virar a cara para estas questões, mesmo que adore as festas e as carruagens e as vestimentas, agradeço diariamente a liberdade de expressão e tudo o mais que conquistamos.
Lembrando que toda a história e a verdade baseada na história têm seus prós e contras e vale a leitora saber identificar o positivo e o negativo e lidar com isso.



8 Comentários

  1. Olá!
    Sou fã de romances de época e gostei muito das questões que você explicou tão bem no seu post.
    Apesar de certo glamour da época, é inegável as diferenças principalmente no que diz respeito a nós, mulheres. Achei bastante interessante a maneira como você colocou as questões.
    Ótimo post.
    Beijos.

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    1. Não podemos reclamar quanto o que temos agora. É importante ressaltar as nossas vitórias sempre!

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  2. Olá,
    Amei o texto e as reflexões abordadas acerca dos costumes que são mostrados (ou nem tanto) nas obras referentes ao gênero.
    Muitos livros que são romances históricos acabam passando pelos assuntos despercebidamente, dando enfase no romance em si, porém outros resolvem abordar alguns dos tópicos acima citados.
    Realmente sendo colocados assim parecem ser uma tortura sem fim ter que aceitar tantas regras, mas como você mesma disse hoje em dia também vivemos sobre muitas.

    LEITURA DESCONTROLADA

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    1. Realmente. A gente precisa perceber que os romances nem sempre são tudo de bom sob a ótima do tempo para as mulheres.

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  3. Oi, Greice
    Como amei sua postagem! É fato que todas nós amamos o que conquistamos hoje, mas é muito bom ler romances de época de qualquer forma. Apesar de lermos histórias lindas, não podemos mesmo nos esquecer de como eram as coisas. E isso é tratado como crítica social em quase todos os livros do gênero, o que acho muito bom.
    Amo os vestidos e tudo o mais, mas fico feliz de ter nascido nessa época aqui mesmo rs.

    Livros, vamos devorá-los

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    1. Sou da mesma opinião que você. Sempre há os prós e contras!

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  4. Olá Greice, esse post é maravilhoso, parabéns! Eu leio muito romances de época e apesar de toda história romanceada, sempre tem pequenas evidencias sobre a verdadeira realidade que era na época aristocrático, e ainda digo pra vc que seria daquelas que tem papas na linguá kkkk Bjkas

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  5. Oie!
    Adorei o tema do post, principalmente por conta de que amo romances de época.
    É incrível como essas mulheres, apesar da vida difícil, conseguiam levar tudo sem deixar de ter classe.
    São realmente corajosas, coisa que nos falta hoje em dia.
    Beijinhos da Mady.

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