No ano de 1791 Lavínia fora comprada por um capitão chamado James. Naquele momento, com apenas 7 anos de idade e separada do seu irmão após a morte de seus pais, a garota passava a ser uma escrava branca em um país que tinha um percentual gigante de escravos negros.

O capitão era dono da famosa fazenda Carvalhos Altos, no estado da Virgínia. Era casado com Dona Martha, uma mulher com um coração frágil porém amável, e possuía dois filhos: Marshall de 11 anos e Sally de 4 anos. Havia também Belle de 18 anos, mas esta era uma filha que o capitão tivera fora do casamento e até então ninguém sabia do fato, exceto os escravos e o capitão.

Belle era uma boa moça, trabalhava na casa da cozinha e preparava toda a comida da casa-grande. Dona Martha tinha raiva da garota, pois considerava que o capitão dava mais atenção à Belle do que a ela e que a garota era sua amante. Não somente a sua esposa considerava isto, mas também seu filho mais velho. Belle sabia disto e o que mais queria era que seu pai providenciasse sua carta de alforria para poder ir embora o quanto antes, para que não acontecesse nenhuma tragédia.

Belle fazia parte da família de Mama Mae como era chamada a mãe que cuidava de quase tudo por ali. Cuidava dos grandes problemas junto com seu marido, o Papa George e amavam Belle como uma filha, juntamente com as gêmeas Fanny e Beattie, Dory e Benjamin. Após a chegada de Lavínia, que fora apelidada de Abínia, a mesma se formou parte da família de escravos, trabalhando junto de Belle na casa da cozinha.

O capitão era uma pessoa muito querida por todos. Porém tinha um capataz severo, que não pensava duas vezes antes de punir os escravos. Rankin era malvado ao extremo e muitas vezes o capitão era chamado para interferir em suas decisões. Até o momento em que o capitão precisou viajar. Ele, sua esposa e Dory, a filha de Mama Mae, foram passar um tempo na Filadélfia para fazer sua esposa esquecer uma tragédia ocorrida na família. Porém a gripe espanhola chegou e mais uma vez assolou a família Pike. 

Neste meio tempo, Marshall já havia se juntado à maldade de Rankin e fez de Belle uma escrava para fins terríveis e com esta situação Belle acabou engravidando. Mas antes de poder ter sua alforria, o capitão faleceu. A carta de alforria já estava preparada, mas fora escondida pela esposa do capitão.

Com a morte de James, a fazenda ficou a mando de Marshall, que se tornara cruel e frívolo. Mas ainda precisava completar seus 21 anos antes de poder comandar por inteiro. Antes disso precisava ir estudar em Williansburg. E foi para lá que também fora mandada Lavínia, com a irmã de Dona Martha, que enlouquecera com a perda do marido. Sarha, Sr. Madden e Meg a receberam de braços abertos. 

Após alguns anos, uma reviravolta coloca Lavinia junto de Marshall e ambos se tornam amigos e acabam se casando e voltando para a fazenda Carvalhos Altos. Até então Marshall era o legítimo cavalheiro: doce, querido e bem quisto perante sua esposa. Cuidava de sua mãe o tempo todo. Mas ao chegar na fazenda tudo mudou. Marshall voltou a ser a pessoa ruim, arrogante e cruel. A vida de Lavinia viraria um inferno.

Belle conseguiu a alforria, sendo comprada por Will Stephens, juntamente com Ben, Lucy e seus filhos. Precisava fugir da fazenda Carvalhos Altos ou morreria. Seu filho Jamie fora junto, até Marshall descobrir que era seu também e foi tirá-lo de sua mãe.

A partir deste momento, uma guerra se abateu sobre eles. A vida dos escravos se tornou um martírio de fome, sacrifícios, surras e lamentações. Marshall punia até mesmo Lavínia com surras inimagináveis. Até que ponto aquilo poderia chegar? Tudo precisava ter um fim, mesmo que a vida de Lavínia estivesse em jogo.



Autora: Katleen Grisson
Título Original: The Kitchen House
ISBN: 9788580412772
Páginas: 336
Ano: 2014
Gênero: Ficção / Drama
Editora: Arqueiro







 


Não consigo recordar se já li algum livro sobre escravos. Ao menos não consigo lembrar se li algum livro com a magnitude de Escravas de Coragem. Pois se tivesse lido algo parecido, certamente jamais me esqueceria de algo assim. 

Escravas de Coragem é como a fome: nos lembra o tempo todo que há algo dolorido, dramático, que machuca e corrói e mesmo que colocarmos algo no estômago, logo vai passar e vai voltar a incomodar. E esta é a sensação. É um livro que faz o leitor perceber que mesmo que possa transformar a dor em alívio, ela vai voltar a incomodar novamente em algum momento, pois a escravidão é algo que, naquele tempo, não havia nada que pudesse ser feito para amenizar a situação.

O ato perfeito da autora foi introduzir uma escrava branca na história, a ponto de que desta forma, o convívio e as diferenças entre os brancos e negros, mesmo que escravos, fossem demonstrados na narrativa. Mesmo sendo uma escrava, Lavínia, de alguma forma, acaba tendo mais privilégios e, como acontece na história, sobressaindo-se com um futuro melhor.

Mas a estrutura familiar montada é igualmente interessante. O amor entre os parentes, que fazem de tudo para ajudarem uns aos outros, mesmo que em meio ao sofrimento da situação, provoca uma sensação de proteção e consolo. 

A narrativa está separada em momentos, alguns capítulos são descritos por Lavínia e alguns por Belle, sendo que alguns tem o mesmo relato de cena, mas por ponto de vista diferentes. 

Não se pode pensar que somente os escravos sofriam naquela época. Os filhos também passavam maus bocados por terem seus pais longe de si. Na verdade eram mais cuidados pelos criados do que pelos pais e a educação sempre ficava por conta de um preceptor. 

O livro é de um contexto maravilhoso, com uma história que garante entrosamento, entretenimento e me fez ficar vidrada a cada virada de página. Gosto muito de histórias que se passam em décadas passadas, mas mais do que isso, gosto dos detalhes escritos, da história revelada e da capacidade de uma autora transpôr o passado para uma folha de papel como se eu estivesse vivendo lá, naquela fazenda, e vendo cada personagem passar por mim com sua vestimenta, seu estilo e sua fala.

As capas de outros países são lindas também, mas a primeira que coloquei mostra muito mais a intensidade real da história.

Um drama perfeito, digno de uma nota 10. Brilha com o encanto, mesmo que às vezes dolorido, de uma época em que todos desejavam nada menos do que a liberdade.




13 Comentários

  1. Oi! ^^

    Eu já vi esse livro em meus passeios pela livraria, mas não me interessei muito. Drama definitivamente não é a minha praia.

    Gostei muito da sua resenha! Deu pra conhecer bem como é o livro!

    Beijusss;
    http://hipercriativa.blogspot.com.br/
    https://www.facebook.com/BlogMenteHipercriativa

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  2. Oi Greice, tudo bem?

    Esse livro deve ser bem emocionante mesmo. O tipo de drama que nos faz refletir bastante né? Nesse estilo só conhecia o "12 anos de escravidão", e fiquei curiosa em ler esse.

    Beijos,

    Pah - Livros & Fuxicos

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  3. Não li nada sobre escravos até hoje, me interessei para ler! Capa maravilhosa hein? Linda, linda!
    Ótima dica Greice!
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  4. Achei bem 'ousada' a proposta do livro, quando vi que seria lançado pensei: Nossa, que diferente, tanto pode ser sucesso quanto pode não ser, mas pelo visto foi e eu sou uma das que quer muito ler!!!

    Beijo, Van - Blog do Balaio
    balaiodelivros.blogspot.com.br

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  5. Oi, tudo bem?
    Uau! Que história! Adorei sua resenha, mas não sei se é um livro que entraria pra minha lista (que já está enorme, por sinal).

    Beijos e boa semana!!!!
    Be
    www.clubedas6.com.br

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  6. Oi Greice!
    Nunca tinha lido nada sobre esse livro, o tema é tocante e até que gostei da capa ;) Deve ser uma história bem dramática, mas real. Escraviidão é assunto que é importante ser abordado, realmente.
    Talvez eu leia algum dia =D
    Beijos
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

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  7. Oi Greice, tudo bem com você?

    Adorei seu blog e sua resenha, vou marcar como favoritos e acessar todos os dias :)

    www.livreando.com

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  8. ooooi, tudo bem?
    Gostei da resenha. Não conhecia o livro mas me despertou interesse. Adoro livros que contam sobre fatos da história.

    Seguindo.

    BIO-LIVROS 

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  9. Oiee ^^
    Ufa, o livro é bom! haha'
    Estou doida para lê-lo, mas estava em dúvida se devia comprá-lo ou não. Gostei muito da trama dele, parece ser super interessante.
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  10. Oi Greice,

    Gostei da resenha, parece ser um livro muito bom.
    O livro que li sobre escravidão foi A Escrava Isaura, mas já faz muitos anos, gostaria até de reler.
    Recentemente vi o filme 12 Anos de Escravidão, que tem a ver com esse tema, filmaço!
    Bjs
    http://garotasbacanas.blogspot.com

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  11. Oi,
    esse livro chamou a minha atenção assim que foi lançado, mas acabei esquecendo dele. A resenha me deixou mais curiosa! Vou solicitar! rs
    Bjs!
    Viciados Pela Leitura



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  12. Quem tem a possibilidade de ler, que leia! Porque é tão bonito. Eu ando tão sensível também. :)

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  13. Oie,
    Ainda não tinha visto sua resenha, mas olha admiro o modo como consegue mostrar o que as pessoas estão perdendo por não lerem uma obra que nos transporta para a época enquanto lemos. Uma das minhas melhores leituras nesse ano.

    Beijos Elis - http://amagiareal.blogspot.com.br/

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